sábado, 2 de abril de 2011

Pertences. (Republicação)









...é como lança cravada no sol
  que se derrama em incêndios,
  como um parar de repente
  das águas correntes do rio,
  é como um vento pendurado
  no sombrio de um parreiral...
...é como essa gargalhante tristeza,
  que coloca gargalheiras a travar a voz,
  que recolhe luz e destila tormentas,
  como um entalhe que dorme num acordar,
  e acorda num sonho entalhado em pedra fria...
  Revela-se assim, esboço apenas dessa obra mais prima,
  de qualquer poema, não é a rima,
  é uma poesia sem o poeta,
  é o espaço da cor da flor da primavera passada...
...é essa esperança tresloucada dos paralelos trilhos,
  sonhando o encontro...logo ali...
  é como o raso do profundo desse poço estendido,
  esse jeito confuso e incontido do conter-se
  nas tentativas insanas, ao riscar-se limites,
  tentando não escorrer-se...
  Ainda assim, é esse sentir incabido,
  de um caminhar parado,
  pairado por sobre um chão que passa...
  Foi urgente essa leitura socorrista,
  com os olhos baixados, mas não cerrados,
  olhei para dentro, vislumbrei diversificados motivos,
  escancarada no peito a identidade...
...descubro por fim...é a saudade,
  indolentemente a rir-se de mim!

   

4 comentários:

Helena Chiarello disse...

A-R-R-E-B-E-N-T-O-U-U-U-U-U!
MEU PAIZIN, QUE COISA MAIS LINDAAAA!!
Esse poema me arrepiou a alma, o coração, a pele e até a roupa! Minha amiga do coração... Sempre disse que a tua poesia é de uma profundidade e beleza difíceis de descrever!
E esse poema é daqueles indescritíveis. O que se tem vontade de fazer é só ficar lendo, ouvindo, contemplando e botando um sorriso desse tamanho na cara e dizer, de peito estufado: ELA É MINHA AMIGA! rssss

E vi o vídeo. Fados, né? rsss... Você tem razão, é muito bonito! A letra é uma poesia, melancólica e sentida... A cena é bonita e comovente... E tudo fica maior pelo tema ali representado...

Um beijo grandãooooo da amiga saudaduda aqui! rsss

Te gosto!

Helena Chiarello disse...

Voltei pra ler mais uma vez...

O "tudo" desse poema é uma coisa tão forte, tão especial, tão bonita, que a gente fica procurando palavras pra descrever...

Lindo, lindo!

(E já disse... O livro com esses "escrivinhados", como você chama, já tá prontinho aqui na minha cabeça... rsrs)

Mais beijo!

Zélia Cunha disse...

Lindo poema! Ralmente é de uma grande profundidade. É gostoso ler o que você escreve. Bjs.

Milla Pereira disse...

Passando, te lendo, aplaudindo e te seguindo, sempre! Amiga, delete o blog Tempero da Palavra, ele não existe mais, foi invadido e deletei. Este é o novo e definitivo, ok? Beijos, Milla