segunda-feira, 23 de março de 2009

Ressonância...




Não existem ervas daninhas,
nem verde que venha avulso,
todos tem o seu encanto,
um porquê de estar aqui...
Brotam e crescem à revelia,
como todo Ser que vem
desvendar qual o segredo
e alegrias que a vida tem...
Se olharmos com carinho,
mesmo sendo rarifólios,
descobrimos raridades,
perfeições em suas formas,
exclusivos seus arranjos
que explodem em mil matizes...
São gentis ervas que curam,
são artistas sacrossantos,
trapezistas com magias
enfeitando os recantos
num trocar de energias
ao mostrar o seu florir
no cantar de sua cor...
Como podem lhe atribuir
mal fazer ou daninheza
se no mundo só ofertam,
em perene ressonância,
o ar que respiramos
e a bondade de sua beleza...
                                             
                                            ...não existem ervas daninhas!
                                               Se existir daninhador,
                                               é o olhar que a elas olham
                                               com olhar sem ter amor...


imagem: vinca disfformis Pour

sábado, 21 de março de 2009

O cantar do vento...



Remansos tranquilos e azuis
que fitam o céu por vontade
espelham quereres infindos
que voam em liberdade...
São asas que buscam bem sei,
nas ternas tardes de outono,
a esperança voada no sonho
e o cumprir-se da Grande Lei...
Essa Lei que maneja a existência,
que a alma transcreve no vôo,
que ensina em cada revoar
a essência dizer: eu perdôo...
Perdoados estão todos vós,
que ouviram o cantar do vento,
que abriram asas em ascenso
sendo alma em movimento...

imagem: google

sexta-feira, 20 de março de 2009

Carências...


Ah! Que carência de leveza
a transbordar das almas todas...
Das almas que deveriam
emanar brilhos e lampejos
de sol, de luz, e de cor,
simplesmente serem amor...
Ah! Que carência que temos
de promissores caminhos largos,
emissores de paz e flores
para um convívio pleno,
promovendo os labores
que nos aterrizam por aqui...
Ah! Que carência de voz,
na ausência do som da vida,
na mudez dos ventos calados
que não mais cantam estações,
e nem sustentam sonhos alados...
Ah! Que carência que temos
de não ter carência na alma
e de ser apenas vivente,
ser estrada, rio e ponte,
ser como estrela cadente
que um dia caída do Céu,
plantou-se no horizonte...
                                         ... Ah! Que carência de Céu...

imagem: sozinha

terça-feira, 17 de março de 2009

Um aceno parado...


Flutuam imagens cansadas
por entre olhares vazios
que escondem sentidos pesares
por quem um dia partiu...
Nesse ir-se vagaroso
nem sequer foi dito adeus,
negaram saudades sentidas
por não terem emoções escondidas
e nem alegrias havidas...
Mas porém todavia,
sabiam que ao dobrar da esquina
haveria um voltar repentino,
que nem tudo estava fadado,
e num último desatino
deixariam num olhar, um aceno parado...

imagem: Google

sexta-feira, 13 de março de 2009

Abrindo as janelas da Trova


Cintilam no céu estrelas
nas noites limpas de abril
e a brisa carrega perfumes
das flores de cores mil...

Quem tem a alma tão leve
abriga um sonho tão terno
espalha a luz em sua volta
e dá calor no inverno...

O rio que corre sereno
é amigo da flor que merece
em troca recebe beleza
quando primaverece...

No azul dançam as nuvens
na música que o vento traz
o verde do campo agradece
quando em chuva se desfaz...

No luzido brilho do sol
resplandecem vida e amores
que alegram o coração
e curam todas as dores...

Quem canta um canto feliz
na vida dá cor e encanto
põe alegria no dia,
leva pra longe o pranto...

Deixo aqui essas trovas
simples, alegres...com brio
e em nome da amizade
peço um verso em dasafio...

Porém se o verso não vem
nenhuma importância tem,
as coplas são livres na alma
e voam quando convém...



imagem: janela

terça-feira, 10 de março de 2009

Estradas...



...entre a mentira e a verdade existe uma estrada curta, poucos passos cabem nela, mas a essência que por ali transita...

...é infinita...

imagem: dois caminhos

domingo, 8 de março de 2009

Rumos...


Rarefeitos são os rumos
que se perdem no caminho, 
escondidos permanecem
para os passos da vontade..
A paixão vem no seu turno
cutucar o coração,
que ao pulsar num bate bate
pede os rumos dessa porta...
Mas se negam novamente
ao chamado da verdade,
num desrumo cai o prumo,
e o querer é só resumo
na linha torta da saudade...

imagem: saudade

quarta-feira, 4 de março de 2009

Redemunhos...




Quando passa na janela
um rasante vento raso,
e espia casa adentro
arrepiando um contexto tão parado...
Não resiste, entra e sacode os desalentos,
espanta essa poeira que encobre os retratos,
que registraram os fatos numa imagem congelada,
movimenta os aventais que estão estendidos,
desesconde escondidas intenções...
Muitas vezes traz consigo um temor
que remexe nossos medos,
abre as tolhidas portinholas
que segredam as guardadas emoções...
Eles voam em redemunhos
que acordam atitudes,
que sacodem as ações
num pedir vivência à vida...
Mas por outra ventania,
que também entra e arrepia,
nos descobre os leves sonhos,
vira as folhas de um livreto
que nos tem em livre escrito,
mas não lemos já faz tempo...
E esse vento ventania
vem então nos acordar,
sua missão evidencia,
nos assopra dentro d'alma
que viver é alegria,

que viver é só magia...

imagem: google

terça-feira, 3 de março de 2009

Um vozerio...


Permanecem incrédulas
as penduradas palavras não ditas,
sabidas benditas num antever,
ficaram retidas nesse espaço do tempo, 
um momento arredio que ficou submerso,
que não se deixou escrever,
nem em prosa, nem em verso...
Mas no reverso dos minutos
se escuta um vozerio,
são as palavras inconformadas
que se agitam nada discretas,
reclamam, protestam e se opõem
à repentina mudez dos Poemas
quando se calam os Poetas... 

imagem: Google

domingo, 1 de março de 2009

As flores que moram no campo...



 Ah... essas flores que moram no campo,
que se deitam no verde tapete da relva macia,
e como quem acaricia, ficam a olhar o céu,
e sonham seguindo as nuvens,
e pegam o sol pra si, nas cores de cada dia...
Ah...essas cores que moram nas flores,
das flores que moram no campo,
nesses campos que são como um mar sem fim...
Queria tanto que fossem assim,
como as cores dessas flores,
as cores que moram em mim...
imagem: campo florido