sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Navêgo... (para aqueles que singram os mares...da vida...)

Sei que nos mares infindos
navegam destemidos navegantes,
que com navêgo magistral
se lançam numa aventura 
tendo somente o céu 
por cobertura...
Seguram firmes no leme,
seguindo estrelas na noite
rumam certeiros ao cais,
onde esperam amores sonhados
que pensaram...  nunca  mais...
Assim regem suas vidas, 
marinheiras por opção,
aprenderam recitar em prece 
desejosa e agradecida oração,
que guardam desde primórdios
dentro do coração...
Depois em acenos descrentes,
porém a repetir-se o rito,
se vão dimimuindo aos olhares,
ficam pequenos... num ponto restrito
...quase estrela no infinito...

imagem: barco                    Editada por Helena C. de Araujo

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Vasculhando gavetas...



Abrimos portas e vasculhamos gavetas
nas limpezas de primavera,
e num impulso fadado
se toma por decisão
remexer nos guardados...
Vamos revendo sentimentos,
emoções ocorridas em tempos já idos,
relembrando momentos vividos,
promessas e iludição,
reavemos amuletos perdidos,
e ao resgatar memórias
se remexe também no coração...
São pequenas coisas que lá estão,
algumas sabidas,
outras nem tanto,
umas guardadas,
outras esquecidas...
                               Assim também é na vida,
                               quando guardamos lembranças,
                               cada pensamento que abrimos
                               recordamos certos enredos,
                               reconhecemos temidos medos
                               e com espanto quase esperado
                               resgatamos o sonho,
                               que deixamos esquecido,
                               numa gaveta trancafiado...

   

imagem: Guardados - Helena C de Araujo


terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Platonismo...


Sei que o sol caminha
rumo ao horizonte em linha
também sei porém que não tinha
rimas para sua lua rainha...
Mas a lua num céu desvelado
se mostra ao sol, esse rei revelado
que se ressente e cai desmaiado
sem declarar-se apaixonado...

imagem:sol e lua

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Um poema na areia...



Tem coisas que nos habitam o peito
e lá ficam num esconder-se cativo,
ninguém vê, ninguém descobre,
só o coração sabe o motivo...
Quando a canção nos toca à alma,
tangeando uma lembrança calada,
ativam-se ensejos repentinos
que acenam bandeiras buscadas...
Quando o poeta tem medo,
tenta a poesia esconder,
escreve um poema na areia 
já quase ao anoitecer...
                               ...um poema que só o mar pode ler!


imgem: google

Quando o orvalho batiza a flor...



Quando orvalho batiza a flor
acordam-se as cores,
os olores e as promessas
a enfeitar amores...
São explícitas intenções
da natureza e dos corações,
quando fazem das flores
portadoras emocionadas
dos sentires do sentimento,
dos quereres das vontades,
do almejar dos desejos
e do saber-se realidade,
que até ontem era sonho...




imagem: flor

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Voares antes perdidos...



Voares perdidos no tempo
em tempo ainda me voltam
quando vislumbro no azul
rotas que a mim aportam...
Asas querendo buscar
motivos, linhas, destinos,
que deitam em frente ao voar,
são amores teatinos
que o coração teima ocultar...
Voares perdidos no tempo
em tempo ainda me voltam,
apostando na verdade,
abro as asas destinadas,
fechos os olhos pr'a razão

 e me lanço nesse azul

só seguindo o coração...

imagem: voares

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Certezas...


Caía a chuva lá fora
como pranto do céu vindo,
inundando a tarde toda
de um gris "cochilento"!
Espreguicei os meus sonhos
em letárgicos pensamentos,
quando senti no momento
o reavivar da esperança,
que o sol ao voltar
iluminasse as lembranças,
acordando as certezas
que eu tinha na infância!


imagem: chuva

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Seriam...




Seriam as flores
reservatório de cores,
endereço indicado
das bailarinas borboletas
e dos galantes passarinhos,
que por beijá-las
lhes leva o nome?
Seriam os rios,
curvilíneas paragens,
caminhos de água,
que a suprir essa sede
transborda pelas margens?
Seriam as montanhas,
e às vezes os montes,
imponente relevo
que delineia os olhares,
e garante limites
entre céu e a terra?
Seriam por hora os lagos
cacimba gigante,
abastando os reflexos
dessa nuvem caminhante,
que vem e que vai
e depois em chuva se cai?
Seria poesia, esses versos
transversos e oblíquos
quando escrito em negrito,
no papel reciclado,
e negado o declame,
porém pelo poeta premeditado?
  ...eu creio que sim...
  Mas não é o meu crer,
  a lhes conferir pertinência,
  são o que são
  pela própria transparência da essência!



imagem: google

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

"Livrência"...



Num olhar voltado para mim,
vejo e me sinto
irremediavelmente livre,
profundamente consciente,
intencionalmente feliz,
claramente convencida
que não podemos ter
barreiras, impedimentos ou entraves,
pois a vida é tão breve,
mas não breve é minha vontade,
vontade de buscar e entender
qualquer sim,
qualquer não,
e ainda assim
manter constante
e aguçada a indagação
de quem sou e porque vim,
com que fim... eu sou vida?
Eu que habito esse viver,
ou a vida habita meu ser?
Num olhar voltado para mim,
não encontro o início
e nem vislumbro o fim,
tão somente vejo e me sinto
irremediavelmente livre,
profundamente consciente,
intencionalmente feliz...
  Por todos os olhares
  pousados em mim,
  por todos os meus olhares
  voltados assim,
  para cada parte do Todo,

  e para a essência de cada Um...

imagem: internet